domingo, abril 30, 2006

O Vizinho do 171

Eu só acho que o Brasil deveria invadir logo a Bolívia. Mas ninguém me ouve mesmo...

sexta-feira, abril 28, 2006

O Apartamento

Chegamos por volta de duas da madrugada e, fingindo indiferença, passamos reto pelo porteiro, que, indiscreto, nos seguiu com os olhos até as escadas.

Ela morava no terceiro andar de um predinho sem elevador, o que nos levava a repetir sempre o mesmo ritual: ela parava, tirava os saltos, subia dois ou três degraus e se voltava para mim, pedindo que não fizesse barulho.

Achava aquilo engraçado, mas, por algum motivo, ela sentia vergonha que os vizinhos soubessem que trazia um homem para casa. Parecia uma adolescente com medo de acordar os pais. Um charme, sem dúvida. Só que tirar os sapatos era um pouco de exagero para mim. Eu preferia ajudar ao meu modo, pisando o mais macio possível nos degraus.

Uma vez dentro, eu costumava esperar no sofá, até que ela abrisse as janelas. Era preciso deixar o ar entrar, pois ela morava sozinha e o apartamento ficava fechado o dia todo. Depois, tirando a blusa, ela vinha sentar no meu colo e, voltada para mim, me abraçava e envolvia com suas pernas, enquanto eu beijava e sugava seus seios.

- Sabe qual meu maior desejo?, ela perguntou.
- Pode falar.
- Esquecer você. Quero te olhar e sentir que não significa mais nada para mim.
- Puxa, te faço tão mal assim?
- Não, não faz. Mas sei que não somos a melhor coisa um para o outro.
- Tem certeza disso?
- Tenho.

Esse diálogo, um tanto inesperado, me fez quietar a cabeça sobre seu peito e pensar por um instante. Depois, decidido, respondi:

- Okay, então eu vou embora.
- Embora?, disse rindo. Esqueceu que viemos no meu carro?
- Não vai ser uma dama e me deixar em casa?, ri também.
- Você acha que é tão fácil assim? Só levantar e ir embora?
- Não precisa ser fácil, mas, se eu tivesse todas as certezas que você tem, nem estaria aqui.

À essa altura, vendo que eu falava seriamente, ela mudou de tom:

- E o que eu faço com esse sentimento?
- Ora, você tomou sua decisão, esqueça e siga em frente.
- Não!, e me beijou com raiva e desejo.

Do sofá fomos para a cama. Ela se deitou de bruços, arrebitando a bunda do jeito que mais gostava de ser fodida. E, afastando os cabelos, me ofereceu a nuca, que mordi enquanto a penetrava.

- Eu disse que ia embora. Viu no que deu?
- Vi sim. É boommm demais!

quarta-feira, abril 26, 2006

Coisas Que Irritam Qualquer Ser Pensante

Gente que manda spam pra todo mundo reclamando que os spams prejudicam o tráfego na rede e perturbam as pessoas. Não, melhor ainda, gente que manda spam pra todo mundo explicando um hoax e reclamando de spams com hoax.

Só matando, né?

segunda-feira, abril 24, 2006

Horóscopo

Essa semana, sob a influência de Leão, você enfrentará grandes desafios. É hora de fazer um balanço e prestar contas da prosperidade de 2005. Coragem!, depois do dia 28 voltará a gozar de tranqüilidade e, em breve, seus esforços serão recompensados com a restituição a que tem direito.

Ai ai... Fazer declaração de imposto de renda é foda.

domingo, abril 23, 2006

A Igreja e a Camisinha II

Bem, Janer, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Claro que o uso de preservativos é uma questão de saúde pública. Mas, desde que apenas os fiéis se obriguem a seguir o que dita a Igreja, a discução torna-se, antes de mais nada, um problema ético da Igreja.

Assim como você, sou ateu. Mas tive uma formação religiosa da qual me orgulho, não apenas pela sua utilidade, mas por ter sido parte da minha infância, uma época que traz boas lembranças per se e pelo convívio familiar. Creio que eu não teria a visão de mundo que tenho hoje, se não tivesse conhecido melhor o cristianismo. Ironicamente, talvez eu nem fosse ateu!

Tudo que envolve religião gera reações apaixonadas, seja para negar ou apoiar. Neste ponto me sinto um privilegiado, pois, quando olho para o cristianismo, não acredito em nada, mas não sinto ódio algum. Bom, no máximo uma raivazinha por causa daquela garota que não quis dar pra mim porque era pecado. Mas, deixa pra lá. Cada um vive como quer e não serei eu a me incomodar com isso.

Porém, divago. O fato é que a Igreja mantém uma posição em relação ao uso de preservativos que, na minha opinião, não se sustenta nem dentro dos princípios desta mesma Igreja. Afinal, mesmo considerando a vida como sendo um dom de deus, óvulos e espermatozóides não possuem alma, certo? Então qual o problema de impedir a fecundação? Por que não fazer uso de métodos anticoncepcionais e preservativos, sendo que estes, ainda por cima, podem salvar vidas?

Essa má vontade da Igreja, soa mais como pirraça, porque, para ela, o sujeito não deveria era ter liberdade sexual. Agora, a contracepção não abortiva e os preservativos em si, não me parecem uma ofensa real a nenhum princípio da Igreja. Daí a importância da posição do cardeal, pois ela equaciona melhor o problema. Isso em benefício dos próprios fiéis, que são os grandes prejudicados.

Por coerência aos seus princípios, duvido que a Igreja deixe de pregar o casamento monogâmico ou ser contra o aborto. Mas, no fim das contas, o que a camisinha tem a ver com isso?

sábado, abril 22, 2006

A Igreja e a Camisinha

Pô, Janer, dá uma folga. A Igreja já vem há muito tempo, e com razão, sendo criticada por ser absolutamente contra o uso de preservativos. Aí, quando aparece um cardeal ousando uma posição diferente, ainda arrumam um jeito de alfinetar.

O sujeito já vai levar paulada demais dentro da Igreja, se não receber um apoiozinho que seja daqui de fora, vai ser difícil mais alguém ter coragem de pensar diferente.

domingo, abril 16, 2006

Tentação

O Sr. Rafael Galvão veio a este blog me convidar para comer buchada de bode e pernil de porco na Sexta-Feira Santa.

Bom, pra começar, goiano você seduz ao pecado é com uma bela picanha ou cupim assados na brasa. Vê lá se eu vou trocar a tradicional bacalhoada da minha mãe por bucho de bode!

Quanto ao pernil de porco, talvez vocês não saibam, mas sou descendente de judeus por parte de avó materna. Com Jesus, que é gente fina, ainda dá pra negociar uma penitência depois. Mas vai tentar se explicar com o deus dos hebreus... Vai pra você ver o raio que te parte ao meio.

Cala a Boca Roger!

Foi só eu elogiar, mesmo que surpreso, a atitude dos empregados da Varig, e vocês viram o que aconteceu durante a semana. Sem falar que o buraco da empresa era bem mais embaixo.

sexta-feira, abril 14, 2006

Festas Cristãs

Não sei por que as pessoas se esforçam tanto para negar o cristianismo. Acho que esse pessoal não teve uma boa experiência familiar. Só pode.

O argumento parece simplista, mas tem um fundo de verdade. A reação que se vê contra as festas cristãs é emocional, só podendo ser explicada por uma experiência ruim com o cristianismo. Coisa muito diferente de não ter fé, não gostar, ou não ter recebido uma formação cristã. Estes costumam passar com indiferença pelas datas, e não se revoltar contra o que elas representam.

Vai por mim, amigo, se a sexta-feira da paixão, a páscoa ou o natal te incomodam, é grande a fé que tentas negar.

Agora, para alguém como eu, que, desde a infância, teve natais e páscoas maravilhosos, comemorados em família, com muita alegria e boas recordações, fica impossível não gostar das datas cristãs. Independente de acreditar ou não.

Além do mais, negar a influência cristã é negar toda nossa história e cultura. Pra que isso?

Eu que não sou bobo nem nada, comi uma excelente bacalhoada nesta sexta-feira e vou muito bem, obrigado.

terça-feira, abril 11, 2006

Sindicalismo Responsável

Estava alí tomando meu café e assistindo TV, quando entrevistaram um representante dos trabalhadores da Varig. Parece que eles elaboraram uma proposta de ajuda à recuperação da empresa que prevê diminuição do fundo de pensão, redução em 30% dos salários e demissão de até 2.900 empregados. Segundo eles isso representaria uma economia suficiente para manter 21 aviões voando ao custo de 200 milhões (só não falaram se esse gasto é mensal ou o quê).

Coisa linda! Confesso que quase fiquei emocionado ao ver um representante dos trabalhadores de terno, gravata, barba bem aparada, falando de forma articulada e coerente. Sei que no fundo isso é uma ilusão, que o sujeito é chique assim porque deve ser comandante ou comissário de bordo. Mas, please, me deixem sonhar um pouco. O que é que custa?

Para emendar, e diante do espanto do jornalista, o homem ainda disse algo como "não há futuro sem presente, é importante salvar a empresa e garantir nossos empregos hoje".

Depois dessa vou torcer de verdade para a empresa se salvar. Já pensaram que belo exemplo? Uma grande empresa, uma companhia aérea, saindo da falência do jeito certo. Através de acordos com empregados e credores. E sem um centavo de dinheiro público!

Parabéns aos empregados da Varig. Mais que admiração e solidariedade, vocês ganharam enorme capital moral dentro da empresa. Sugiro que o usem para fiscalizar a administração e impedir que a empresa caia novamente. Boa sorte.

quarta-feira, abril 05, 2006

Alhos e Bugalhos

Minha estagiária, pasmem, não acredita que o homem foi à Lua e acha o Gênesis mais verossímel que "esse papo furado de Big Bang e evolução". Vindo de uma moça inteligente, educada, antenada e tudo mais, é simplesmente assustador!

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Tenho o defeito de levar qualquer discussão até o fim, um cacoete de macaco velho de tribunas e tribunais. Mas, quando não há nada de concreto em disputa, não vale a pena discutir demais. Diga o que tem a dizer e vá cuidar da sua vida, essa é a melhor política.

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Impressionante, nos últimos dias vi três pessoas dizerem que "bom era nos tempos do Sarney". Estavam se referindo aos gatilhos salariais e das aposentadorias. Só esqueceram que os aumentos constantes de salário não representavam ganho real, apenas uma corrida perdida atrás da inflação.

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Mas a Argentina, heim? Reestatização de concessão pública, congelamento de preços, inflação dobrando o índice, interrupção de exportações, falta de crédito, etc. Taí o resultado do "crescimento econômico socialista".

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Enquanto isso, na Bolívia...

sábado, abril 01, 2006

Censura! Censura!

Andaram gritando censura por aí. Gritaram tão alto que até eu escutei. Parece que a Folha Online não gostou que a Soninha falasse sobre política num blog hospedado lá.

Não sei muita coisa sobre a Soninha. Lembro dela da TV, quando fazia programas para adolescentes, promovendo debates e apresentando bandas de rock. Achava ela uma graça, muito bonita e simpática mesmo. Depois fiquei sabendo que ela teve problemas por falar sobre maconha. Fiquei triste por ela, não acho que o que ela disse seja o fim do mundo, mas respeito o direito da emissora de decidir sobre sua programação. Essa foi a última notícia que tive dela.

Agora, de uma vez só, descobri que ela é vereadora em São Paulo, milita na esquerda e não vai mais falar de política num blog da Folha Online. Mas censura? Tenha dó.

Censura é quando o Estado proibe a veiculação de algo por razões políticas, atentando, assim, contra a liberdade de expressão. Pelo que eu saiba, o Grupo Folha é uma empresa privada. Logo eles publicam o que quiserem, pelos motivos que quiserem. Defender o contrário é que seria um crime contra os direitos de propriedade, livre associação e liberdade de expressão. Acusá-los de censura, por escolher o que veicular ou hospedar, é tão ridículo quanto dizer que uma editora tem obrigação de publicar todos os livros que lhe são apresentados.

Aliás, pelo que lí, a própria Soninha não fala em censura, diz apenas que não irá contrariar a linha editorial do veículo. Bem coerente da parte dela. Afinal, em caso de interesses inconciliáveis, cada um pode seguir seu rumo de forma independente. Ela é livre para isso, tanto que já disse que continuará falando de política em seu próprio site.

Considerando, ainda, que ela é uma política militante e com mandato, falar de política seria utilizar o espaço para fazer propaganda, mesmo que de forma indireta. A Folha está certíssima em não gostar disso, independente das cores defendidas, e correndo o risco de ter que se entender com a Justiça Eleitoral dependendo do que seja dito no blog.

Agora, quanto à isenção jornalística: Qual é, vocês acreditam em Papai Noel? Deve-se exigir honestidade dos veículos, não isenção. A isenção é um mito e um desserviço ao jornalismo honesto, já que mascara opiniões. Que os fatos sejam apresentados de maneira fiel e as opiniões dadas às claras, esta é a isenção que se exige. Honestidade.

Update

Só pra acrescentar, no rodapé do blog da Soninha está bem claro que todos os direitos pertencem à Folha. Ou seja, o argumento lançado por alguns, de que não existe linha editorial para o blog e de que a Folha não se responsabilizaria pelo conteúdo, não cola.

Desabafo

Minha mãe é quase uma santa, só falta o Vaticano descobrir. Aos sessenta anos já deveria estar aposentada e curtindo a vida, mas não, lá está ela como coordenadora e professora, trabalhando numa escola com adolescentes da periferia. São garotos pobres, provenientes de famílias desestruturadas, alguns cometem delitos ou usam drogas. E ela se dedica de corpo e alma a esses meninos. Não tem horário, sai de casa às sete da manhã e volta às dez da noite. Trabalha aos finais de semana. Passa madrugadas em claro preparando material didático, planejando ações, fazendo isso ou aquilo. Tudo pelos garotos.

Essa semana, um dos meninos esfaqueou o outro durante uma aula. Como coordenadora, minha mãe foi imediatamente chamada, providenciou socorro e tudo mais que podia fazer pela vítima. Já o outro garoto está preso, aguardando o juiz da infância e juventude decidir seu destino. Ele vivia com a avó, tinha problemas mentais e tomava remédios controlados (fato que a família escondeu de todos). Pra piorar, havia interrompido a medicação.

Nessas horas todos os abutres se juntam. A imprensa já fez seu inferninho, desrespeitou todo mundo, tentou invadir a escola, perturbou a família da vítima e tudo mais que eles sempre fazem. Agora apareceram uns engraçadinhos cobrando responsabilidade da minha mãe. Como se ela tivesse alguma culpa pelo fato! Como se ela pudesse prever o ocorrido. Como se ela tivesse permissão legal (e não tem!) para revistar os meninos. E por aí vai.

Onde estava essa gente toda quando a escola trabalhava duro por esses garotos? Onde estavam eles na hora de mostrar as centenas de acertos? De ajudar a conseguir lanche escolar, material e tudo mais que a escola precisa. Cadê essa gente na hora de ver quantos garotos saíram de lá melhores do que entraram? Onde eles estavam?

Abutres!