domingo, abril 23, 2006

A Igreja e a Camisinha II

Bem, Janer, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Claro que o uso de preservativos é uma questão de saúde pública. Mas, desde que apenas os fiéis se obriguem a seguir o que dita a Igreja, a discução torna-se, antes de mais nada, um problema ético da Igreja.

Assim como você, sou ateu. Mas tive uma formação religiosa da qual me orgulho, não apenas pela sua utilidade, mas por ter sido parte da minha infância, uma época que traz boas lembranças per se e pelo convívio familiar. Creio que eu não teria a visão de mundo que tenho hoje, se não tivesse conhecido melhor o cristianismo. Ironicamente, talvez eu nem fosse ateu!

Tudo que envolve religião gera reações apaixonadas, seja para negar ou apoiar. Neste ponto me sinto um privilegiado, pois, quando olho para o cristianismo, não acredito em nada, mas não sinto ódio algum. Bom, no máximo uma raivazinha por causa daquela garota que não quis dar pra mim porque era pecado. Mas, deixa pra lá. Cada um vive como quer e não serei eu a me incomodar com isso.

Porém, divago. O fato é que a Igreja mantém uma posição em relação ao uso de preservativos que, na minha opinião, não se sustenta nem dentro dos princípios desta mesma Igreja. Afinal, mesmo considerando a vida como sendo um dom de deus, óvulos e espermatozóides não possuem alma, certo? Então qual o problema de impedir a fecundação? Por que não fazer uso de métodos anticoncepcionais e preservativos, sendo que estes, ainda por cima, podem salvar vidas?

Essa má vontade da Igreja, soa mais como pirraça, porque, para ela, o sujeito não deveria era ter liberdade sexual. Agora, a contracepção não abortiva e os preservativos em si, não me parecem uma ofensa real a nenhum princípio da Igreja. Daí a importância da posição do cardeal, pois ela equaciona melhor o problema. Isso em benefício dos próprios fiéis, que são os grandes prejudicados.

Por coerência aos seus princípios, duvido que a Igreja deixe de pregar o casamento monogâmico ou ser contra o aborto. Mas, no fim das contas, o que a camisinha tem a ver com isso?

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Regras religiosas são apenas regras religiosas. Se querem usar a camisinha para ter liberdade sexual, que o façam, mas não se digam católicos, pois a regra católica sobre preservativos é claríssima. Sejam bundistas, hare-hare, ou qualquer outra coisa que permita o uso da camisinha.

O que eu não entendo é essa tentativa de tentar controlar o que uma entidade privada (sim, a Igreja Católica Apostólica Romana é uma entidade privada) deve escrever em seus estatutos. Se não gosta das regras, cai fora, ou tenta se eleger papa e muda tudo.

Os judeus ortodoxos não comem carne de porco, não andam mais de 800 metros no sábado e também não ligam motores. Ninguém faz auê por isso. Tá ruim? Eles deixam de ser ortodoxos e viram judeus liberais. Pronto, fácil assim. Nunca li o Cristaldo criticando os judeus ortodoxos por eles não ligarem motores no sábado e nem por não comerem carne de porco.

26/4/06 09:00  

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