segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Tunel do Tempo

Durante o almoço:

- Humm, esse restaurante serve um lombinho que é uma beleza!
- Eu não como essas coisas.
- Ãh, como assim?
- Não como carne, é isso.

Existe um quê de viadagem* em gente que não come isso ou aquilo, vegetarianos em especial. Se você faz dieta por recomendação médica, é atleta profissional, ou tem algum motivo plausível para restringir sua alimentação; está perdoado, vá em paz e que o Senhor te acompanhe. Agora, se o motivo é outro, qualquer outro, desde "minha religião não permite", passando por "eu tenho pena do bichinho", até chegar a "ui, que nojo" - então é viadinho mesmo.

Notem que existe uma grande diferença entre dizer "eu não gosto disso" e soltar um "isso eu não como", fazendo beicinho. A primeira nada mais é que um exercício de individualidade e, muitas vezes, de bom gosto. A segunda é frescura mesmo. Você pode apoiar sua frescura nas melhores intenções e argumentos, mas, acredite, é pior, muito pior. Nada é mais fru-fru do que viadagem intelectualmente embasada.

Alguns comportamentos só são admissíveis em mulheres (bonitas de preferência) e frescura pra comer é um deles. Eu acho lindo essas meninas que fazem um pratinho todo bonitinho: colocam uma folha de alface, uma rodela de tomate, uma colher de arroz e um filé de frango. Lindo mesmo. O extremo oposto, ou seja, uma delicada loirinha de rosto angelical e grandes olhos azuis, caindo de boca numa costela de porco, fazendo "chomp chomp" e saindo com os lábios brilhando de gordura, realmente não dá, quebra qualquer clima.

Agora, marmanjo com frescura ninguém merece.

Mas, no fundo no fundo, toda essa implicância é pra dizer que eu queria muito ter comido aquele lombinho no almoço. Ao invés disso, tive que me contentar com pé-de-mato e passar duas horas ouvindo bobagens sobre dietas, religiões orientais, capitalismo malvado e sei lá mais o quê. Parecia uma viagem fantástica aos anos sessenta. Haja paciência...

*Aviso politicamente-correto do dia: o termo viado (com i mesmo) não foi utilizado em referência a nenhum tipo de orientação sexual, mas apenas como designante de comportamento afrescalhado. Uso, aliás, muito comum para o termo.

5 Comments:

Blogger Alessandra said...

Roger, nenhuma ofensa pessoal, nem te conheço para isso, mas o Xico Sá, cabra que etende muitíssimo de fêmeas em geral (tanto que tem um porção sempre encantadas por ele)se baba por uma moça cheia de apetite. Na tese dele, denota não apenas gosto profunda pela vida como também por outros prazeres sensuais, que são muito melhores quando desacompanhados de frescura.

17/2/06 00:12  
Anonymous Anônimo said...

Alessandra, concordo plenamente com a defesa incondicional e irrestrita da boa mesa, e compartilho da tese de que quem sabe comer é porque sabe comer. Só que a cena que descreví não tem lá muito a ver com isso não. Falei de dois extremos que vão da frescura até a falta de educação mesmo (a loirinha chomp chomp). Nesse cenário, vai por mim, melhor se arriscar com a menina da rodela de tomate...

Ah, quem é Xico Sá?

17/2/06 07:57  
Anonymous Anônimo said...

Desculpe o atraso em comentar, mas ando com muito trabalho. Mas, a pergunta que não quer calar: pelo menos valeu a pena tanto sacrifício?

22/2/06 13:27  
Anonymous Anônimo said...

Também ando trabalhando muito, Wilson. Se antes eu tinha pouco tempo para brincar de blogueiro, ultimamente não ando tendo nenhum.

22/2/06 22:38  
Anonymous Anônimo said...

Roger, um pouco fora do tempo vou entrar na conversa: concordo contigo, é pura viadagem mesmo. Isso é igual aqueles(as) que fazem regime e pedem um X-tudo e uma coca light. Agora a loirinha com a boquinha engordurada, fazendo chomp-chomp, hummm...

24/2/06 20:40  

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